O SUJEITO COMO OBJETO
A DEPRESSÃO E A MELANCOLIA COMO SINTOMA SOCIAL
Resumo
Este artigo refere-se à pesquisa sobre a depressão e a melancolia enquanto sintomas sociais, advindos das possíveis transformações do sofrimento psíquico decorrentes das alterações na cultura ao longo do período contemporâneo. Foram utilizados conceitos como pulsão de morte, psicopatologia singular e sintoma social. O método de pesquisa aplicado foi a revisão narrativa de literatura. Para desenvolver a pesquisa, utilizou-se a teoria psicanalítica, assim como contribuições dos campos epistemológicos da história e da antropologia. Os objetos de estudo selecionados foram as alterações sócio históricas do período contemporâneo e suas contribuições para a os sintomas sociais atuais de depressão e melancolia. Para a coleta de dados, utilizaram-se bibliotecas virtuais e digitais; sugestões e contribuições de orientadores; bases de dados online, como Scielo; revistas periódicas online e em sistemas de busca, como o Google Acadêmico. Nos resultados, é possível afirmar que, no primeiro período citado, a rígida educação vitoriana apoiada pela moral religiosa produziu pessoas neuróticas. No intercurso do século XX, foi possível observar que os eventos que se seguiram, entre eles o advento dos sistemas totalitários, Maio de 68 e o festival de Woodstock, auxiliaram no enfraquecimento dos valores tradicionais transmitidos pelo Outro. Abriu-se assim espaço para ideologias que incentivam o gozo sem restrições, sem limites impostos. A depressão e a melancolia, são, portanto, sintomas que mostram a dificuldade atual de lidar com a inerente condição humana faltante e os fracassos encontrados no caminho, assim como a tendência de enxergar a si mesmo como objeto de valor; em uma sociedade de valores monetários, em um contexto da fragilização das referências simbólicas na contemporaneidade.